Ao fim.
Sentado a beira da mesa,
Olhando meu punhal.
A qual fora me dado
Tão recente, tão bonito.
Ainda sem nenhuma gota de sangue.
Olhando a minha volta, várias velas acesas.
E naquele punhal...
Das quais escritos em latim
Chamavam minha atenção
Gravados em sua lamina.
"Sanguinem quoque finem vitae."
Isto me soa, bonito.
A tão charmosa lamina,
Então ao ser feita
Nada menos precisava do que:
"Um banho de sangue"
-
E as velas aqueciam meu sangue.
E ao bater na porta, minha amada,
Deparei comigo ao espelho,
Com o punhal, na mão.
Falei: "Entre. Fique a vontade."
Então um sussurro de leve em meu ouvido:
"Porque estás armado?"
Respondi, tal pergunta, com delicadeza.
"Se trata apenas de meus inimigos."
E empolgado, ao falar,
De minha mais recente arma,
Esqueci de avisar-lhe da minha ira.
E ao que tanto me incomodava.
E aos poucos ficando atordoado,
Voltei a segurar-lhe. Com mais força e mais nervoso.
E seus olhos tremeram.
Como nunca os vi antes. O medo predominou a inocência!
E num piscar de olhos, lá estava.
Meu punhal, banhado a sangue.
E os gritos de socorro atordoavam meus ouvidos.
E a angustia me feria. Ao olhar tão nome gravado,
Percebi que do outro lado da lamina, gravado estava
O nome de minha amada.
Eu vi as lágrimas escorrerem no rosto de minha pequena.
E quando menos esperei, o socorro chegou.
Ela gritava desesperada. Aos vizinhos.
E eu apenas a olha-la.
Não sei ao certo como depois fora.
Mas foi fora do normal. Tentei matar minhas fraquezas
E tudo que consegui foi apenas ferir-me mais.
Por saber que não sou capaz, de nem ao menos interromper-me.
E ao fim, com um final infeliz.
Descrevo meu profundo desprezo, ao meu ódio.
Ao meu ciume. A minha dor.
Meu punhal, como peça decorativa na sala ficou.
Banhado ao sangue.
- Kleber Gomes
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