Matar não é apenas matar,
Matar é uma leve sinfonia...
O maestro é o assassino, o instrumento é a vitima.

Talvez eu não esteja muito bem...
Estou precisando me encontrar um pouco...
Descansar...
Talvez um dia eu pare pra pensar nas coisas que eu tenho feito.

Mas hoje não.
Eu não sei porque eu não consigo sair daqui.
Sair de mim.
E viajar por aí.

Sou tão apegado a minha vida...
Que as vezes esqueço e deixo-a guardada.
Eu sei que não deveria fazer isso,
Talvez eu pudesse expor um pouco mais.

Mas sou pessimo em demonstrações.
Sou pessimo como comunicador.
Eu não compreendo a felicidade,
E há tempos não a encontro...

Um vazio enorme há dentro de mim,
Mas o que seria ser feliz?
Tento buscar em qualquer coisa que eu goste,
Mas isso não é ser feliz.

Eu voltei.

E agora de volta estou.
Eu voltei pra ficar.
E não há amor, que me faça voltar.
Eu voltei. Pra mim.

Eu voltei ao torno do que era.
E a lápide fria parada em meu peito.
Eu voltei como o frio do inverno,
Todo dia do ano.

Eu voltei, só pra deixar, claro.
A dor, e as emoções.
Que nada me afetam.
Que nada me doem.

Eu voltei.
A ser quem eu era.
Antes um louco.
Antes um poeta.
Antes um sábio.

Eu voltei. Antes que me perdesse...
Na linha do tempo, que escorre em meus dedos.
Eu voltei para não perder a mim...

Eu voltei... Porque precisei voltar.
Eu voltei a solidão, sozinho.
Eu voltei para a solidão me acompanhar.

- Kleber Gomes

Se, não...

Se não há tristeza, em fundo de ódio
Que oscila entre a garganta...
As cinzas caem no chão,
O cigarro aceso, estoura meu pulmão.
A dor do infarto, as vezes aperta meu peito.
Talvez pelo cigarro.
Se, não pelo amor.
Que a dor me consuma até o ultimo instante.
Essa dor, estoura meu peito.
Quando a ultima cinza cair no chão.
Não estarei mais neste mundo.
Se, não...
Não convoco ódio nestes versos
Por ventura, incapaz.
Incapaz estou de incitar qualquer sentimento.
Que a desgraça alheia não me perturbe.
Que ao terror de minha mente,
Amaldiçoe este maldito.
Me chamo maldito, de cujo nome
Tão estranho, me torno digno de maldição!
Minha garganta quer gritar,
Meu corpo deitar.
Meu coração parar.
Tenho a mim a despedida.
Que triste fiquem meus amigos.
Mas que felizes fiquem com minha partida.
- Kleber Gomes

A mim, dedico-me.

Estou exausto,
Cansado...
Estou morrendo aos poucos.
Estou revirando as noites.

Estou buscando em mim
Nada mais que eu.
Estou procurando palavras.
Estou procurando definições,

Que o tempo levou
Que a memoria deixou
Estou procurando o ser
Que antes definia o "eu".

Estou cansado, de não saber.
De não entender, quem ou que.
O porque de quê.
De tanta coisa.

Estou cansado, de definir.
De não saber falar.
De não interagir.
De não me entender.

De não buscar em mim,
O que eu sempre fui.
De ter sido tão moldado
Sem ao menos perceber

Me esculpiram,
E quando dei por mim
Já não sabia quem ser,
Ou ao menos o que dizer.

Tenho vivido as sombras
Do que me fizeram acreditar que sou
E não o que realmente eu era.
Estou cansado.

Meu corpo pede arrego.
Minha mente pede descanso.
E ao descaso do meu pensamento.
Meu corpo e minha mente, estão fartos.

Revesti em mim o ódio.
A angustia... A tristeza.
A raiva, e a dor.
De não saber quem sou.

Quem era, nem de onde vim.
Por esquecer minhas raízes,
Meus gostos.
Esqueci de mim, por lembrar

Mais de alguém,
Esqueci por esquecer.
Pra lembrar de outro ser.
E agora, estou louco.

Me procurando, e a cada vez.
Me busco ainda mais,
Me perdendo por demais.
Me perco, talvez por não saber

Me encontrar muito bem.
Pois ainda falta muitos lugares
Muita estrada pra me encontrar.
Talvez eu não me encontre hoje,

Nem amanhã,
Ou talvez me perca para sempre.
Só, eu e eu.
Tentando achar, o outro eu.

Aquele que nasceu sem nada.
Me vestindo de outras partes.
Esquecendo do passado.
Colorindo o ódio, que a vida me passou.

Que meu ouvidos não escutem.
Que minha mente não pense.
Que meu passado ficou para trás.
A que penso. Quem sou?

Quem serei daqui por diante.
A sombra de quem um dia fui eu?
Somente a carcaça vazia.
Do que sobrou do molde?

Desespero me define por agora.

- Kleber Gomes

Vou te guardar, onde ninguém possa encontrar!

És tão bela, tão pura,
És como as estrelas,
Como o sol.
És a luz do meu dia.

És a minha vontade,
És a minha guerra,
Sentir te o cheiro das rosas,
Em seu perfume.

Ver o teu sorriso,
És para mim,
A flor mais bela do meu jardim!
És tão bela que enlouqueço.

És tão bela, que prefiro guardar-te
És tão bela, que gostaria de amarrar-te
És tão bela, que eu quero te empalhar!
És tão bela, que eu quero de por na minha sala!

És tão bela, que me enlouquece!
Não há no mundo, mulher mais bela!
Não! Não! Não há mulher mais bela!
Além de ti, minha vida?! Não!

És tudo que um dia quis!
És tudo que ainda sonho!
És tudo que ainda preciso!
Mas sim! Na minha sala te verei!

És tão bela, que te colocarei num quarto!
Um quarto de vidro, onde só eu possa te admirar!
És tão bela, que nem mesmo o sol deve lhe ver!
És tão linda, que as estrelas, devem se esconder!

És tão linda que as rosas sentem inveja de teu perfume!
És tão bela, que a mim cativou!
És tão bela, que meus pensamentos voam!
És tão bela, que a ti quero guardar, e proteger!

És tão doce, tão meiga!
Sou tão louco!
E seus olhos me convidam a entrar em ti!

És tão linda, que desejo te fazer em pedaços!
És tão linda, que não há nada no mundo que te apague!
És tão formosa, que nem as curvas projetadas, chegam perto das suas!

Te darei o céu!
Te darei o inferno!
Te darei prazer!
Te darei dor!

Te darei o infinito e as estrelas!
Tão infinito! Tua beleza!
Que esqueço da leveza do teu pensar!

Do seu sorriso meigo!
Dos seus doces lábios!
Da sua sabedoria!

És tudo pra mim!
És uma boneca!
Quero guardar-ti!

Quero esconder você!
Quero apenas admirar!
Quero entender, como algo tão belo pode existir!

Nem mesmo a natureza por qual me fascino!
Nem mesmo os céus.
Nem mesmo as estrelas!

Nem mesmo a lua com seu carinho!
Nem mesmo o mais belo dos pássaros!
Nem mesmo a água mais límpida!

És tão bela!
És tão perfeita!
Que merece ser guardada!

Vou te esconder!
Beleza como a sua,
Mais ninguém pode ver!

Vou por te no lugar mais longe!
Vou por te no lugar mais frio!
Vou por te no lugar onde ninguém irá achar!

Vou te proteger!
E tudo que falo!
É pouco!

Pois tamanha beleza e ardor!
Não há de encontrar jamais!
Terei a paz, quando fechar-te!

Serás sempre amada por mim!
Mas terei que te esconder!
Terei você só pra mim!

Agora...
Eu,
Irei...

Te guardar!
Nestes versos.
Escritos a você!

Guardarei... No lugar mais importante!
Te eternizarei!
Irei te empalhar!

Vou fechar as portas!
Vou guardar as chaves
Onde só eu possa encontrar!

Vou fechar a minha mente.
Esconder minha memoria.
E quando quiser-te.

Vou lá de mansinho,
Abro bem devagarzinho!
E lá estarás!

Fixa. Apenas pra mim!
Bela dama!
Da qual me encanta!

E entra nos meus sonhos!

- Kleber Gomes

Queimarás

Queimarás.

Que no inferno se crie cobras.
Que no inferno se faça a mentira.
De todas as porcas, ás tarantulas.
Do veneno que me joga, ás do inferno queimar.

Queimarás por toda infelicidade que me deste.
Ás de queimar por todo o fogo que me jogaste.
Apenas queimarás, com todo o fogo do inferno!
Que os anjos caídos, amaldiçoe sua morte!

Que há de ser dolorosa!
Que por pavor.
Não me encontre por favor.
Se há de ir ao inferno!

Não clame meu nome,
Não faça gestos!
Não me faça rir!

Não queira, que em nenhum ponto!
O inferno te queime com gelo!
Vá ao inferno!
E ao inferno, tão lindo com o mar de larva!

Queimarás como meus versos!
Tão secos e amargos.
Queimarás.
Serás coberta em fogo e larva.

Serás tida como o maior dos demônios!
E por isso queimarás!
Ao inferno, toda minha dor, toda minha angustia!
Todo meu amor!

Ao queimar, que queime minha língua!
Que queime ao inferno os meus versos!
Que queime a minha paz.

Vá ao inferno!

- Kleber Gomes